Pesquisa ambiental, cão robótico para cegos e dispositivo para tratamento de esgoto: confira os projetos de inovação de estudantes mato-grossenses
Um total de 215 trabalhos científicos foram apresentados por estudantes mato-grossenses, desde o ensino fundamental até alunos de doutorado, durante a 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que ocorreu no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, entre os dias 22 e 24 de outubro.
O evento, promovido pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci), permitiu que os estudantes mostrassem os resultados de suas pesquisas ou propostas tecnológicas, todas inscritas sob o tema “Biomas do Brasil – Diversidade, Saberes e Tecnologias Sociais”.
Dentre os 215 trabalhos, 110 participaram da Mostra Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (MECTI), que avalia projetos da educação básica. Os outros 105 concorreram a prêmios voltados ao ensino superior, relacionados ao edital 010/2024 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat).
“A avaliação dos trabalhos foi uma grande surpresa, devido ao alto nível de desenvolvimento apresentado. Notamos um aprofundamento crescente nas teorias abordadas. Além disso, muitos conseguiram criar protótipos, demonstrando um alto nível técnico nas apresentações”, comentou Elinez Rocha, avaliadora que analisou trabalhos dos ensinos fundamental, médio-técnico e técnico.
Um dos destaques foi a pesquisa de mestrado do biólogo Ivan Luiz, do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ele conquistou o primeiro lugar no edital da Fapemat com seu trabalho sobre “Biomonitoramento ecotoxicológico e amebas de vida livre na bacia do rio Cuiabá”.
“Realizamos um monitoramento por dois anos para identificar as áreas mais críticas dos rios da bacia e constatamos que os locais mais poluídos e com maior toxicidade estão na área urbana, como no Rio Coxipó, onde há uma quantidade significativa de protozoários”, destacou.
O biólogo enfatizou que a pesquisa pode levar a ações que melhorem a qualidade de vida dos cuiabanos no futuro. “Existem espécies de doenças com alta taxa de mortalidade, superior a 90%, e as pessoas não a consideram suficientemente grave. Por isso, este estudo é tão relevante”, completou.
Mariah Clara Dorneles Martins, aluna do ensino fundamental da Escola Municipal São Cristóvão, de Lucas do Rio Verde, foi premiada na categoria fundamental com o projeto “Dog Vision – Um cão guia robótico para auxiliar pessoas com deficiência visual”. O protótipo custou cerca de R$ 2 mil, financiado por doações dos pais e da escola.
“Estou muito feliz por estar aqui. Isso é fruto do esforço do professor, de todos os alunos, das nossas famílias e da escola”, afirmou.
Isadora Martha Nabarrete, estudante do ensino médio do Colégio Master de Cuiabá, também venceu na categoria Economia Criativa com o projeto “Restaura H2o”.
“Nosso projeto visa criar um dispositivo que pode ser utilizado em córregos, lagos, rios e lagoas, permitindo a purificação da água em locais onde não há Estação de Tratamento de Esgoto”, explicou.
Isadora faz parte da equipe junto com Ana Vitória Lucas Leite, Lorrara Valentina Borges e Maria Gomes.
O secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Allan Kardec, ressaltou que a apresentação de trabalhos e a SNCT evidenciam a importância dos investimentos públicos na produção científica.
“Esses trabalhos mostram que Mato Grosso gera ciência e pesquisa de alta qualidade. Por isso, convidamos pesquisadores e a sociedade a se unirem para evidenciar nosso compromisso com a ciência, tecnologia e inovação, sempre respeitando o meio ambiente e as questões sociais”, afirmou.
Elinez Rocha acrescentou que o apoio público do Estado contribuiu para a complexidade dos projetos.
“O incentivo por meio de editais para pesquisas nas escolas tem trazido grandes avanços para Mato Grosso e para a educação, pois os trabalhos têm abordado conceitos complexos relacionados a energia, robótica e economia criativa, com uma abordagem prática. Isso é fundamental para o desenvolvimento do conhecimento”.
Premiações
Os trabalhos do nível fundamental, médio e técnico concorreram a R$ 96,6 mil em bolsas de iniciação científica júnior para alunos e bolsas de apoio técnico para professores por meio da MECTI. Esses valores foram financiados pela Fapemat e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPQ). Os vencedores também receberam smartphones e troféus.
As premiações para o nível superior foram custeadas pela Fapemat através do edital 010/2024, que destinou R$ 190 mil para pesquisas de graduação, mestrado e doutorado. O Instituto Farmun também ofereceu um notebook para a melhor pesquisa com tema “agro”.
A 21ª SNCT contou com exposições de trabalhos científicos, apresentações culturais, a carreta do MT Ciência, o Grand Prix de Inovação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), reciclagem de material eletrônico pela Recytec, competição de fabricação de foguetes com garrafas recicláveis na MTFOG, distribuição de mudas de árvores e o lançamento da 3ª edição da revista Educação C & T – Ciência e Tecnologia, que incluiu 30 artigos científicos, com contribuições de autores de fora de Mato Grosso.
A SNCT foi organizada pela Seciteci em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Fapemat e o CNPQ.